sexta-feira, 4 de maio de 2012

vale do aço / CENIBRA












Cotação da celulose afeta rentabilidade de exportações da Cenibra
Entretanto, não há como a Cenibra mudar a estratégia e direcionar sua produção para o mercado nacional

O preço da celulose no mercado internacional prejudicou a rentabilidade das exportações da Celulose Nipo-Brasileira (Cenibra), instalada em Belo Oriente (Vale do Rio Doce), que destina pelo menos 90% de sua produção ao exterior. Apesar de, em valor, o montante do primeiro trimestre ter caído quase 22%, em volume, houve um aumento de 2,6%.

"A queda aconteceu em função do preço da celulose no mercado mundial. Entretanto, as cotações estão começando a melhorar", justifica o presidente da companhia, Paulo Eduardo Rocha Brant. Segundo ele, não há como a Cenibra mudar a estratégia e direcionar sua produção para o mercado nacional porque não existe demanda suficiente.

Brant explica que grande parte das empresas que produzem papel no Brasil atua de forma integrada, também produzindo sua própria celulose. "Além disso, o consumo per capita de papel no Brasil ainda é pequeno", acrescenta o presidente da Cenibra.

De acordo com dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic), a Cenibra é hoje o nono maior exportador de Minas Gerais, com participação de 1,8% nos embarques estaduais do primeiro trimeste. No período, as vendas externas da companhia renderam US$ 144,7 milhões contra US$ 185,1 milhões em iguais meses de 2011, queda de 21,8%.

Por outro lado, a companhia exportou cerca de 308,1 mil toneladas de pasta de celulose durante os três primeiros meses de 2012, um volume 2,6% maior do que o comercializado no mesmo trimestre do ano anterior (300,1 mil toneladas).

Conforme Brant, a diferença está justamente no preço médio da tonelada de celulose. Enquanto no primeiro trimestre de 2011 a tonelada custou em média US$ 654, nos três primeiros meses deste exercício a cotação média foi de US$ 518, 20,8% a menos, quase a mesma queda dos rendimentos das exportações dos dois períodos (21,8%). Porém, a cotação da tonelada do insumo já mostrou recuperação no mês passado, atingindo US$ 545.

Mercado - O mercado consumidor da Cenibra está distribuído de forma que cerca de 40% da produção são comercializados na Europa, seguida por Japão e China, ambos com 20%, e Estados Unidos e Canadá, com 10%. O Brasil fica com outros 10% da celulose produzida pela companhia.

A projeção da companhia, no entanto, é que nos próximos anos as importações chinesas de celulose representarão algo em torno de 20% da demanda mundial. O argumento para construir a previsão é que, na China, o consumo per capita gira em 50 quilos de papel ao ano, o que é pouco comparado à demanda anual por habitante nos Estados Unidos e na Europa, que chega a 250 quilos de papel. Porém, o país asiático possui uma população de mais de 1 bilhão pessoas.

Recentemente, Brant confirmou ao DIÁRIO DO COMÉRCIO que a Cenibra estuda mudar todo o sistema logístico de transporte de madeira em suas operações. A ideia é usar "cavacodutos" para transportar o insumo já fragmentado das áreas de plantio, colheita e corte até as linhas de produção. O projeto é inédito no Brasil e demandaria grandes investimentos.

Atualmente, o transporte da madeira estocada nos pátios distribuídos nas áreas de floresta da Cenibra é feito através de um sistema integrado de logística, no qual os caminhões respondem por 80% do serviço e o restante é feito por uma composição ferroviária.

A capacidade de transporte do "cavacoduto" é grande, uma vez que ele opera continuamente. Segundo especialistas, a construção de dutovias requer elevado investimento inicial e só se justifica quando há grandes volumes a serem movimentados, como é o caso da Cenibra, que opera a plena carga produzindo cerca de 1,2 milhão de toneladas anuais da commodity.

Quando em operação, o custo por tonelada de quilômetro útil (TKU) transportado pelo sistema é substancialmente mais baixo do que em relação a outros modais, em função da baixa depreciação do capital, da eliminação de grandes pátios de estocagem e da baixa interferência das condições topográficas, climáticas e edáficas no processo.


Fonte: Diário do Comércio

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