quarta-feira, 2 de maio de 2012

vale do aço / VALE





Analistas apostam em papéis da Vale como opção de médio ou longo prazo

Mesmo enfrentando uma maré de notícias ruins - cobrança de tributos pelo governo na justiça, discussão sobre pagamento de royalties de exploração de minério, resultados piores do que se esperava -, a Vale continua na lista de recomendações de uma boa parte dos analistas. De um universo de 16 casas que acompanhavam a companhia nos últimos três meses, segundo a "Bloomberg", 13 tinham indicação de "compra" ou "performance acima da média do mercado" no último dia 30. Outras três recomendavam "manutenção".

O argumento é que os preços já tinham sido arrastados pela correnteza. "A Vale está muito barata", destaca a estrategista da Itaú Corretora Cida Souza. Na segunda-feira, os papéis preferenciais (PN, sem voto) classe A da mineradora encerraram o pregão - espremido pelo feriado do Dia do Trabalho - com queda de 0,12%, cotados a R$ 41,45. "Quando as ações caem para perto de R$ 40, R$ 41, quem está fora de Vale começa a fazer conta e volta a montar posição", argumenta Cida, o que abre espaço para apostar numa correção.

Nesse nível de preço, o risco de queda do papel é muito baixo, argumenta a estrategista. E indica, pelas contas da Itaú, que a ação está sendo negociada a um múltiplo EV/Ebitda (relação entre valor da empresa e geração de caixa) próximo de 4,5 vezes para 2012 - bem abaixo da média histórica de 8,4 vezes dos últimos quatro anos, segundo cálculos do Valor Data com base em dados da Economática. Já a relação entre o preço da ação e o lucro (P/L, outro indicador que mede o tempo que se levaria para reaver o capital aplicado) estimado para 2012 é de 6 vezes, ante a média de 11 vezes calculada desde 2008.

Também sob o ponto de vista do retorno com os dividendos ("dividend yield") a serem distribuídos pela Vale, o mínimo de 5% para 2012, segundo a corretora, é considerado atraente. Para os papéis, a Itaú trabalha com preço-alvo de R$ 53,00 no fim do ano, o equivalente a um ganho potencial de cerca de 28% em relação ao fechamento de segunda-feira. O preço-alvo de consenso do mercado, segundo a Bloomberg, está pouco acima, em R$ 55,34, o que amplia o espaço de valorização para 33,5%.

Os investidores devem ter em mente que o preço justo leva em conta os fundamentos da empresa e projeções de indicadores macroeconômicos. Sabe-se, contudo, que a ação, para andar, depende de uma série de outros fatores, como um ambiente internacional favorável ao mercado de ações, fluxo etc. Hoje, destaca Cida, as ações da Vale não têm encontrado força para superar o teto de R$ 44 no curto prazo. "A Vale ainda tem questões pendentes que limitam o ganho, como o litígio envolvendo a cobrança de tributos pelo governo sobre lucro de subsidiárias no exterior."

Para a estrategista, isso atrapalha mesmo que a perspectiva seja de que a empresa alcance uma solução favorável. Na sexta-feira, a companhia informou que apresentou carta de fiança no valor de R$ 1,7 bilhão para garantia dos valores cobrados em execução fiscal, uma demanda da Procuradoria Geral da Fazenda Nacional (PGFN), apesar de a decisão do Supremo Tribunal de Justiça (STJ) em vigor impedir o prosseguimento de qualquer medida administrativa ou judicial para cobrar os débitos.

Em relatório divulgado na segunda-feira, o Deutsche Bank assinalou que foi surpreendido com o pedido de garantia solicitado à Vale, mas que isso não mudava a visão de que as ações da mineradora estão atrativas. O Deutsche tem indicação de compra para o papel. Segundo o banco, apesar de a Vale ter divulgado lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) abaixo das expectativas do mercado, como boa parte do que prejudicou o resultado deve melhorar nos próximos meses, a tese de investimento se justifica.

A queda no resultado ocorreu principalmente em consequência de menores volumes de venda de minério de ferro e metais básicos, e menores preços de venda. Além disso, chuvas além do esperado no trimestre restringiram os embarques de minério de ferro e foram responsáveis pelo aumento pontual dos custos.

No universo dos grandes grupos, Cida, da Itaú, diz que não há como não ter Vale na carteira. Segundo ela, além da expectativa de melhora dos resultados do segundo trimestre, o ainda crescente consumo de aço pela China, embora em ritmo muito mais lento, e a demanda de economias emergentes devem fazer com que os preços do minério de ferro voltem a andar, ficando em torno de US$ 145 a tonelada. A corretora cita ainda os acréscimos limitados de capacidade produtiva no curto prazo e a menor oferta da Índia. O atual preço à vista, de quase US$ 150, é a melhor indicação de que o equilíbrio entre demanda e oferta permanece relativamente pressionada, pontua a Itaú.

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